sábado, 28 de agosto de 2021

Sobre “Salvar os Outros”, e (sem querer) destruir uma Equipa.

E se, a minha tentativa de transformar para melhor alguns dos que me rodeiam para construir uma equipa melhor, afinal, não fizer sentido? Se são os "piores" que vão nivelar o conjunto, o que fazer a esses elementos? O que pensar depois de ler o seguinte trecho de um livro:


"Até Jesus Cristo, podemos afirmar, fez amizade entre prostitutas e homens duvidosos. Como é que me atrevo a lançar calúnias sobre os motivos daqueles que estão a tentar ajudar? Mas Jesus era o arquétipo do homem perfeito. E nós somos apenas nós. Como é que sabemos que as tentativas para ajudar alguém não irão, pelo contrário, fazer-lhe pior?

Imagine alguém que tem a missão de supervisionar uma equipa de trabalhadores excecionais, todos eles esforçando-se para alcançar um objetivo comum; imagine-os a trabalhar no duro, unidos, brilhantes, criativos.

Mas a pessoa que os supervisiona também é responsável por alguém com muitos problemas, que tem um desempenho péssimo noutro lugar. Num impulso, o gerente bem-intencionado insere essa pessoa problemática na equipa excelente, tentando que o exemplo dos outros melhore o novo membro do grupo. O que acontece? a literatura da psicologia é clara quanto a esta questão.

Será que o novo elemento vai entrar nos eixos de imediato? Não. Em vez disso, é a equipa inteira que degenera. O recém-chegado continua a ser cínico, arrogante e neurótico. Queixa-se. Engana. Falta a reuniões importantes. O seu trabalho, de baixa qualidade, atrasa a equipa e tem de ser refeito pelos outros. Porém, recebe o seu salário, tal como os colegas que, trabalhando duramente, começam a sentir-se traídos. “Porque estou a dar tudo o que tenho com o objetivo de terminar este projeto", pensam eles, “quando o novo elemento da equipa não faz nada?"

O mesmo acontece quando um assistente social bem-intencionado coloca um jovem delinquente entre outros rapazes mais civilizados. Em vez da estabilidade, é a delinquência que se espalha. Piorar é bem mais fácil do que melhorar.

Talvez estejamos a tentar salvar alguém porque somos fortes, generosos, sólidos, e queremos fazer o que está certo. Mas também é possível - e, talvez, mais provável - que só queiramos chamar a atenção para as nossas reservas inesgotáveis de compaixão e boa vontade. Ou talvez queiramos salvar alguém porque nos queremos convencer de que a força do nosso caráter é mais do que apenas um efeito colateral da nossa sorte e lugar de nascimento. Ou talvez porque é mais fácil parecer virtuoso quando estamos ao lado de alguém profundamente irresponsável."

In “12 REGRAS PARA A VIDA”, p112, Jordan B. Peterson

TU LIDERAS A TUA VIDA
Fernando Barroso

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